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quarta-feira, 3 de março de 2010
CAIXA E BB ANUNCIAM R$ 3 BI DE CRÉDDITO PARA O SETOR DE MOTOS
– O financiamento é para motocicletas de até 150 cilindradas. Iniciativa é para movimentar setor, afetado pela restrição de crédito. Segundo balanço da Abraciclo o mês de novembro fechou com baixa de 16,6% nas vendas de motocicletas para o mercado interno. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil anunciaram crédito de R$ 3 bilhões para o financiamento de motocicletas de até 150 cc (cilindradas). A iniciativa para movimentar o setor de motocicletas afetado pela restrição de crédito é feita em parceria com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).Do total investido, R$ 200 milhões são de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e R$ 2,8 bilhões serão colocados à disposição dos consumidores pelos bancos federais. O financiamento será feito diretamente nas revendedoras de motos por meio dos bancos parceiros. A taxa de juros praticada nessa linha de crédito será de 2% ao mês. Segundo a Caixa, é o nível cobrado antes da crise econômica. Mesmo assim, a taxa é ainda superior à média cobrada no setor de automóveis, de 1,45%. Para o presidente da Abraciclo, Paulo Shuiti Takeuchi, as medidas anunciadas nesta quinta são recebidas como um presente de Natal. "Agora teremos oportunidade para retomar o ritmo do setor", diz. De acordo com Takeuchi, a indústria de motocicletas havia fechado um compromisso de não demitir este ano. "Se iniciássemos as demissões, isso comprometeria a renda, o que aumentaria a desvantagem do setor diante da crise". Apesar do acordo, o setor temia que se as quedas nas vendas continuassem, seria obrigado a adotar medidas nesse sentido. Com a ajuda do governo, o presidente da Abraciclo acredita que a concorrência fará com que os bancos privados facilitem a liberação de crédito para o consumidor brasileiro. Além disso, Takeuchi acredita que, com a medida, o setor crescerá de 14% a 15% em 2010. “Chegaremos próximos ao que era em 2008, que foi um ano fantástico”. De acordo com as instituições financeiras, o foco no segmento de 150 cc é justificado por representar 90% dos veículos comercializados. Ainda serão avaliadas ações para aumentar a oferta de consórcio, modalidade de pagamento que representa 32% das vendas do setor.Presente no evento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou também a isenção da cobrança do Cofins sobre as motos dessa categoria até 31 de março do ano que vem. “Entendemos que este setor ainda enfrenta crise”.O Cofins representa 3% do valor da moto. Assim, a renúncia fiscal representa R$ 4 milhões, disse Mantega. Segundo ele, a medida é pontual e nenhum outro anúncio desse tipo será feito até o final do ano. “Acredito que no próximo ano o setor de motocicletas irá se recuperar rapidamente.”Mantega afirmou ainda que o Brasil voltou à rota do crescimento sustentável. “Ainda há problemas a serem equacionados, como o setor de motos, mas o nível de emprego subiu. E emprego é igual a salário, que é igual a renda, que é igual a consumo e é igual a mercado robusto", diz. Câmbio - Um ponto que preocupa a indústria nacional de forma geral, e não somente o setor de motocicletas, é a questão cambial, cuja valorização do real diante do dólar tem prejudicado as exportações. Mantega destacou que o dólar deverá sofrer uma valorização no ano que vem por causa de um possível aumento da taxa de juros norte-americana. Isso evitará com que o real seja sobrevalorizado. “Eu não trabalho com patamar de câmbio. O câmbio continuará flutuante, mas acredito que o real sofrerá uma desvalorização”, disse o ministro. Queda nas vendas - Segundo balanço da Abraciclo, divulgado no dia 10, o mês de novembro fechou com baixa de 16,6% nas vendas de motocicletas para o mercado interno, na comparação com outubro, para 121.875 unidades, e de 16% na produção, com 115.946 unidades fabricadas. Essa foi a segunda queda consecutiva, já que outubro havia apresentado números 2% inferiores a setembro. De acordo com o presidente da Abraciclo, Paulo Shuiti Takeuchi, era esperada a retomada das vendas nos últimos três meses, mas a dificuldade na aprovação de crédito afeta a venda de motocicletas. O retorno da cobrança do Cofins também era apontado por Takeushi como inibidor de vendas. “A procura continua alta, mas os negócios concretizados não seguem a intenção de compra”, disse. Para resolver o problema da liberação de crédito no varejo – especialmente para o público que adquire motos de baixa cilindrada — o presidente da Abraciclo defende a cobrança de taxas de juros menores por parte dos bancos e que estes diminuam as exigências nos cadastros de pessoa física. Afetado pela crise mundial, o setor duas rodas já acumula retração de 31,1% na produção, de novembro de 2008 a novembro de 2009. Mas a Abraciclo mantém o otimismo com base na demanda crescente. O mercado de motocicletas deve fechar o ano com 1,49 milhão de unidades produzidas, diante de 2,126 milhões de 2008, e de 1,56 milhão de motos comercializadas – no ano passado foram mais de 1,879 milhão. FONTE: Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Paulo
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